Confira uma entrevista exclusiva do ilustrador para o Multiverso TriZ
O renomado ilustrador de história em quadrinhos Ibraim Roberson, conhecido nacional e internacionalmente por seu trabalho na Marvel e DC Comics, é presença garantida no Festival Multiverso TriZ, realizado pela Estratégia Projetos Criativos. O evento acontece entre os dias 29 de setembro a 1º de outubro, das 14h às 22h, no Centro de Convenções do Shopping Palladium, em Ponta Grossa. O desenhista, responsável por dar vida a personagens icônicos como X-Men, Wolverine, Hulk, Mulher Gato e muitos outros, ministrará a masterclass ‘Como viver de quadrinhos’.
Durante a apresentação, o público verá o artista em ação, quando ele demonstrará ao vivo, enquanto desenha, as etapas do processo da produção artística, compartilhando dicas de como transformar a paixão pela ilustração em uma carreira profissional bem-sucedida. A apresentação de Ibraim será no dia 30, às 18h, no Palco Escutaí (palco principal). A entrada é gratuita.
Ibraim Roberson é um nome amplamente conhecido, sendo um dos maiores talentos da indústria em quadrinhos no mundo. O Multiverso TriZ conversou com o artista, e você pode conferir a troca de ideias aqui.
Multiverso Triz: O que você trará para Ponta Grossa no Festival Multiverso TriZ?
Ibraim Robersom: Quero oferecer a experiência de produção profissional e artística, onde reproduzirei ao vivo as etapas, ferramentas, desafios e soluções que existem no dia-a-dia dos quadrinistas.
MT: Você desenha desde criança?
IR: Sim, desde que me lembro.
MT: Há quanto tempo você trabalha com ilustração?
IR: Vivo exclusivamente dos desenhos desde 2006.
MT: Antes de se estabelecer como desenhista, você trabalhou em outras áreas. Como foi a transição para o mundo das HQs que você domina hoje?
IR: Sim, trabalhei em outras áreas até descobrir os caminhos para ganhar dinheiro com minha paixão por quadrinhos. Os fóruns de desenhistas e grupos de redes sociais foram fundamentais nesse processo. Foi lá que descobri novas fontes de inspiração e referências, novos artistas, novos contatos. E com isso em mãos, busquei informações e conhecimento.
MT: Quais foram os principais desafios durante esse processo?
IR: Enfrentei algumas barreiras, como o idioma e o acesso limitado a informações naquela época. Mas, no final das contas, o que mais importava para as editoras era a qualidade do trabalho. Eu usava o Google Tradutor para entender roteiros e contei com a ajuda de agentes para lidar com processos mais complexos e burocráticos.
MT: É possível viver de quadrinhos no Brasil, mesmo sem ser um gênio como você?
IR: Hoje em dia existem várias formas de ganhar a vida com a sua arte na área de quadrinhos. Muitos têm optado pela publicação independente e obtido sucesso até maior do que se tivessem publicado por grandes editoras. Vários artistas estão criando seus próprios espaços em vez de esperar convites. Eventos de quadrinhos, literatura e redes sociais servem como ótimas vitrines para quem deseja entrar nesse mercado.
MT: Qual conselho você daria para quem quer seguir carreira como quadrinista?
IR: Para quem está começando, absorver o máximo de informação possível é crucial, pois há espaço para diversos estilos e tipos de artista. E é preciso estar preparado para preencher esses espaços. Existem alguns concursos e prêmios que podem dar uma ajuda, mas o mais certeiro mesmo é ser o seu próprio incentivador e tentar se conectar com pessoas que atuam na área. Recomendo ser cara de pau mesmo, e tentar entrar em contato com todo mundo que puder. Eventos culturais e oficinas, como o Multiverso TriZ, são oportunidades valiosas que esclarecem muita coisa para quem tem vontade. É fundamental que a pessoa se divida entre produzir, estudar, fazer networking e buscar novas maneiras para aprimorar o seu trabalho.
MT: A concorrência na área é acirrada?
IR: A concorrência existe dos dois lados: dos desenhistas que buscam trabalho em editoras e das editoras que competem para ter os melhores artistas em suas equipes.
MT: Existem talentos que poderiam chegar mais longe?
IR: Com certeza. Um dos meus alunos do ano passado, por exemplo, ingressou na DC Comics. Isso me enche de orgulho e motiva outras pessoas que estão trilhando o mesmo caminho a continuarem estudando, buscando informações e aprimorando suas habilidades para alcançarem o sucesso que o meu aluno conquistou.
MT: Desenhar é uma arte inerente ou pode ser desenvolvida?
IR: Eu creio que existem aptidões que podem ser desenvolvidas, mas o mais importante é ter a vontade de deixar uma marca no mundo. No meu caso, contar histórias por meio do desenho é a ferramenta que eu uso para isso.
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